Nos últimos anos, vimos uma corrida por dashboards.
A promessa era simples: mais dados, melhores decisões. Ferramentas como Looker Studio, Power BI e GA4 se tornaram protagonistas das reuniões. O problema é que, em muitos casos, acabamos construindo um castelNos últimos anos, vimos uma corrida por dashboards.
A promessa era simples: mais dados, melhores decisões. Ferramentas como Looker Studio, Power BI e GA4 se tornaram protagonistas das reuniões. O problema é que, em muitos casos, acabamos construindo um castelo de gráficos, mas com pouca inteligência habitando ali dentro.
Já vivi isso mais de uma vez. Projetos onde tínhamos tudo monitorado: cliques, sessões, tempo na página, origem do tráfego, scroll, bounce, pixel de eventos, CRM, UTMs, MQLs… Mas, na hora de tomar uma decisão, sobravam números e faltavam perguntas boas.
O time olhava para a tela, mas não sabia o que fazer com aquilo. E o cliente dizia: “Legal esse relatório… mas o que a gente muda com isso?”
O problema nunca foi a falta de dados. Na verdade, o problema é o excesso de dados sem um propósito definido.
Em muitos projetos que acompanhei, inclusive nas grandes contas e notei um padrão preocupante: quanto mais dashboards entregávamos, menos clareza o cliente tinha. Os números estavam lá. Mas estavam empilhados, desconectados, sem uma narrativa.
Já participei de apresentações onde abrimos 6 abas diferentes, cada uma com gráficos belíssimos, animações, filtros interativos… Mas a pergunta que pairava no ar era sempre a mesma: “O que isso quer dizer para o meu negócio?”
Esse tipo de ruído nasce quando se transforma a análise em uma vitrine de dados, e não em um processo de descoberta.
E isso não acontece só com o cliente. Internamente, também já vi times se perderem:
Analistas que monitoram dezenas de métricas por semana, mas não sabem qual está ligada à real meta do projeto;
Diretores que pedem “um relatório completo”, mas não dizem qual decisão precisam tomar;
Squads que cruzam dados complexos, mas esquecem de perguntar: “o que o usuário está tentando resolver aqui?”
É como ter uma bússola em cada bolso, apontando para direções diferentes. Você olha para o dado, mas não sabe se ele mostra um problema real, uma anomalia temporária ou só uma distração.
E o pior: o excesso de ruído gera uma falsa sensação de controle. Parece que estamos dominando tudo, quando, na verdade, estamos apenas registrando o caos com mais resolução.
Por isso, maturidade analítica não é saber tudo é saber o que ignorar. É filtrar com inteligência. É ter a humildade de dizer: “esse dado é bonito, mas irrelevante agora”.
Transformar dados em valor exige foco, perguntas bem formuladas, clareza de objetivos e, acima de tudo, um alinhamento entre a análise e a estratégia.
“Dados são só números até serem traduzidos em decisões.”
Essa frase representa muito do que acredito. Porque, no fim das contas, dados não têm valor se não moverem pessoas, ideias ou resultados.
No final do dia, os dashboards não tomam decisões. Quem decide são as pessoas. E pessoas precisam de direção, não de confusão.
A maturidade analítica de um time ou de uma liderança não está em gerar relatórios em escala. Está em transformar dados em clareza. É ter coragem para simplificar. É saber quais indicadores acionar em um momento de crise. É entender que uma métrica só vale se estiver conectada ao que realmente importa: o negócio, o cliente e a jornada.
Ao longo da minha trajetória, percebi que os melhores momentos de virada de performance vieram quando conseguimos parar de olhar para tudo e começar a olhar para o que realmente movia a agulha.
E isso só acontece quando a análise deixa de ser técnica demais e passa a ser humana, contextual e orientada a impacto.
“Planejamento com método. Performance com propósito. Decisões guiadas por dados.”
É esse equilíbrio que venho buscando em cada entrega. Não se trata de ter todas as respostas, mas de fazer as perguntas certas na hora certa e com base no que os dados mostram, mas também no que eles silenciam.
📣 E você, como lida com isso na sua rotina? Já sentiu que tinha dados demais e respostas de menos?
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